terça-feira, 2 de outubro de 2012

Conversa ternurenta

Ontem sentaram-se atrás de mim, no autocarro, uma mãe e uma filha, esta com uns 5 anos.
No início não prestei muita atenção à conversa entre elas. Mas, a certa altura, oiço chorar. E pareceu-me um misto de medo, arrependimento e birra. Esperei e pus-me à escuta. Eis o diálogo:
"Oh filha, a mamã vai continuar a gostar muito de ti!"
"Buahhhhh"
"G...., diz-me uma coisa: a mãe gosta mais de uns alunos do que de outros?"
"Buahhhhhh", seguido de um "Nãooooo" e de um outro "Buahhhhh".
"E a professora lá da escola gosta mais de uns meninos do que de outros?"
"Nãoo.... snif..."
"E porque é que achas que é assim?"
"Ela gosta de todos igual, mas como os meninos são todos diferentes, ela também tem que fazer diferença quando fala com eles... Snifff..."
"Pronto! Vês, é isso mesmo. A mamã vai gostar dos dois de igual forma, mas com certeza que irá tratá-los de maneira diferente, porque o bebé não vai ser igual à G..., não é?
"Simmmm..." Suspiro...
Alguns segundos depois:
"Mãe, se for um menino pode jogar na equipa do M...?"
"Pode."
"E se for menina pode brincar comigo?"
"Sim, claro."
"Hummm.... Mãe?"
"Sim, G...."
"Gostas do nome Mariana? E de Matilde? E se for Ana ou Rita?

Durante o resto do percurso, mãe e filha discutiram os possíveis nomes da criança (apenas femininos) e eu dei por mim a pensar: como se sentirá uma criança perante aqueles que são os seus primeiros sinais de ciúme e inveja? O que vale é que é tão fácil convencer as crianças, quando elas elas ainda vêem as mães como heroínas...


Di

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